O que seria a minha vida sem cassetes? Um vazio, um silêncio constante. A vida seria algo completamente inútil, pois de que serve viver se não podemos guardar cá dentro as pessoas que nos fazem mais falta? Por mais longe que estivermos, sei que estamos sempre juntos. Basta pôr a cassete a tocar e lá estão vocês a tagarelar e a contar as vossas histórias, que, na verdade, também são as minhas histórias. Uma gargalhada. Duas gargalhadas. Ponho pausa. Vou ouvi-las de novo. Sempre que estou triste, gosto de tocar a vossa música vezes sem conta e, assim, ficar perdida no tempo. Na verdade, podia passar o resto do meu tempo nesta lengalenga, mas eu sei que a vida não é feita de uma só cassete. Ainda tenho uma prateleira enorme cheia delas, de todas as cores e feitios. Às vezes ponho-me a imaginar o que irei gravar dentro delas. Provavelmente sairá uma mistura alternada entre alegria, tristeza e silêncio. Uma coisa é certa, cada momento será apreciado, pois a alegria, por si só, não tem significado se não existir a tristeza. Os silêncios, bem, esses serão momentos essenciais na gravação, dando espaço ao pensamento e à reflexão. Gostava de conseguir gravar as cassetes todas de uma vez, mas, infelizmente, cada uma tem marcada uma data de utilização. Vivo nesta ansiedade de querer saber o que me espera e que melodias irei encontrar. Seja qual for o destino, sei que vou ter gravações únicas, extraordinárias, que me levarão à descoberta de novos sons e novas aprendizagens.
Hoje vou começar a gravação de uma nova cassete. Vou dizer o quanto aprecio cada momento, cada sorriso, cada palavra que passamos juntos. O Mundo faz sentido porque tu existes, porque tu és tu mesmo. Somos diferentes, mas é isso que nos completa. Afinal, é a tua música que me ajuda a enfrentar obstáculos, a atravessar caminhos por vezes inseguros. A tua marca estará sempre aqui, nunca será apagada. E é por isso que as tuas cassetes terão sempre um lugar na minha prateleira.
Jessica
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